Sob a luz duma tarde clara
cai no solo uma borboleta rara
aprendendo a voar.
Lagarta metamórfica
de asas azuis celeste
voa pelos ares
entre os céus e mares,
e se camufla, e se integra.
Entre a fenda de um precipício inexistente
e de um precipício da suma importância
ela sobrevoa contente
sua jornada
seu desfile celeste
seu derramar de gozo
nos olhares ao leste .
Reflete em suas curtas asas
a luz clara da lua,
a beleza da noite,
das estrelas nuas.
Reflete do dia o calor
no solo, na terra,
o desabrochar de uma flor
e em suas pétalas abertas:
o pouso ousado de amor.
Do néctar : seu perfume
Seu voo dançante ,
suas lagartas.
Voa experiente ao vento
Aprende enfim a voar ...
E cai, noturna ,
no cume do dia.
Como o cair das pétalas
das flores vazias ,
Gabrielle Lamarque
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