terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ser sem poder ser.

Quero ser o que não posso ser.
Sede insaciável de mim.
Procurando no escuro meu ser.
Quero ser e crescer enfim.

Tombando nos próprios pés
me cansando de nada e por nada.
Sempre recorrendo ao invés.
Querer subir sem existir escada.

Abasteço-me de imaginárias forças
e quem guia é o estinto,
mas não há muitas escolhas
quando está num labirinto.

Já não há lógica nem emoção
nesta perda de mim mesma.
Se calou meu coração
não há sentido que prevaleça.

Ser sem poder ser...
existir no inexistente
do iníquo universo
onde nada é coerente.

Uma insídia foi me dada
no dia do nascimento
subitamente iludida
pela existência em momentos.

E agora, o que é existência?
A ciência de anatomia nada explica.
Se soubesse de minha decorrência...

O coração bater nada significa.
Se minha origem desconhecer
do quê vale a frequência cardíaca?

Vivemos num quarto escuro de questões
e muitos morrem sem as responder.
Questões estas impossíveis...
será o sentido da existência morrer?

Será que nas terras que cobrem as frias carnes
há mais do que o pranto dos amantes?
Será que estas terras transformam
um miserável em ser constante?

Será que um instante do infinito
pode caber em minha mala?
Será eu só um faminto
por essa viagem em escala?

Gabrielle Castaglieri

sábado, 19 de novembro de 2011

Amor sem resposta...

O porquê de tudo isso eu não achei
em mais de mil enciclopédias procurei
Não poderia ter dado tão errado
para quem dizia que o amor é infindável...

Ah... está a corroer a minha alma,
a dúvida sem resposta tira a calma
e me deixa encarcerada na prisão
sem alma, amado e coração.

Eu vi o coração se debater enfrente a mim,
as lágrimas caíram sem ter um fim
a lua cheia, de noite esbelta, se entristeceu
olhei para o céu e soube que algo morreu.

Gabrielle Castaglieri

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A espera de um trem

Sentado está na plataforma
A espera de um trem
Olhos fitos nos trilhos
Com ansiedade, mas nada vem.

Passa a hora, pressa e passageiros
Tunza umas três vezes
Pois tudo é corriqueiro
Um rato atravessa o trilho,
Algo já mudou.
As lembranças o invadem,
Mas nada voltou.

Parece ser eterno
O momento de espera
Tudo é só demora
Neste dia de véspera.

Encarcerado no tempo,
Desolado na estação,
Torturado pelo relógio
Nos segundos de involução.

Uma música invade a mente
E não para de tocar
A melodia é fiúza
E só faz recordar
D'um dia de marasmo
Numa outra ocasião,
Reminiscência de outrora
Numa outra estação.


Gabrielle Castaglieri

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Adaga de saudade

Perfura-me sem medo com esta adaga
quem ou o quê dizia ser o amor
arde no peito como já não sei se respiro
sou toda rasgo de vida em dor.

E, agora, se arrancar-me do peito a adaga
certamente morrerei com o olhar ao nada
a dor é, ainda que insatisfatória, a vida
sem a dor não sinto nada, sou nada, com nada.

E ainda há de se prolongar por anos
o descontentamento das lembranças
daquilo que um dia chamei de vida,
da dor que um dia trouxe esperança.

Mas nada mais é ... nada mais!
Sou apenas uma foto de recordação
um grito de quem sabe que é efêmero
quem tem uma adaga que perfura o coração.

Incapaz da correr ou andar ao alvo
fico na penumbra de um verso,
num recordar de uma palavra,
no masoquismo do saudosismo.

Gabrielle Castaglieri

sábado, 12 de novembro de 2011

Amada Saudade, vá embora!

Esfaqueia a minh'alma este amor empoeirado.
Estou presa num futuro inexistente e imaginário.
Gritos alucinados pela dor saltam da boca.
Estou me prendendo pois percebo que estou louca.

Tresloucada vivo num tempo não contado.
O ponteiro roda, mas vou ficando no passado.
Vivo pois já fui algo que fez brilhar um olhar.
Hoje choro. Choro pois só as lágrimas podem brilhar.

E estas lágrimas chegam a secar, e sou toda saudade.
Saudade do amor, saudade da dor, saudade de ter saudade.
Saudade infinita que me inunda e transborda.
Saudade amiga que as vezes até conforta...

Saudade, minha amante. Beije minha face e vá embora.
Corra com o tempo, me tire do passado, mostre-me o futuro.
Fuja pra bem longe, deixe-me viver. Leve está hora.
Deixe esclarecer, pois não aguento mais acordar no escuro.
Saudade, minha amada. Te amo, mas vá! Vá embora.

Gabrielle Castaglieri

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Morrendo...

Sinto meu sangue secar na carne
e gélida fico, pouco a pouco.
Morro enfim, e cessam as palavras...
sinto dentro algo ficando oco.

Parte de mim quatro almas,
morrem hoje sem serem conhecidas.
Parte de mim três homens...
Parte de mim eu mesma.

A alma da poesia arranca-me o amor,
arranca-me por inveja de como o recebi.
O espírito da palavra leva-me o fervor,
leva-me por rancor do amor que perdi.

E sou nada, como sempre fui.
Sou nada, sem tudo ...
Tudo que não dei o necessário valor.
Perdi. Por não demonstrar o amor.


Gabrielle Castaglieri

Sobre o passado.

Sobre o passado só sei que ele volta.
Mas nunca é passado, sempre vistoso.
Nunca vi algo mais lindo que o tal passado,
sempre tão belo, sempre sabido de tudo.

Sobre o futuro? Não me lembro bem.
o futuro, incerto... incerto...
E o presente é faltoso. Nunca está.
Presente pra mim...? Nunca ganhei.

Porém do passado sei...
sei bem que o desconheço!
Sei sobre nada, e nada é tudo.
E este "nadar" de dúvidas
é um mergulho nas profundezas
de um mar de letras incertas,
e conhecimentos ancestrais,
que dizem-nos reais ser..
mas sabem de nada saber.

Gabrielle Castaglieri

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...