sábado, 24 de junho de 2017

Buraco Negro

No seu olhar um buraco negro
Me tragando pra outro universo:
O desconhecido,
O inusitado.
Tal qual um mar de ressaca brava
Onde as ondas me levam pra sua imensidão.
Já não vejo a superfície
Difícil me encontrar aqui.
Perdida estou nos olhos teus
Nadando contra a maré
Querendo encontrar-me
Desesperada entre as ondas geladas
Das lágrimas que ficaram paralisadas
Numa noite fria como essa
Onde o desencontro entre outros passos
Dava à uma história ponto final.
Outros olhos se fechavam,
Outra noite adormecia.

No seu olhar um mar de dúvidas
Onde naufrago sozinha.
Esquecida entre olhares
Que se perdem no horizonte.

- GSP

Poesia baseada na arte (abaixo) do amigo Eric Mosterio.
Instagram do Eric: @ericmosterio


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Carta Ao Psicólogo

Eu ranjo os dentes.
Roo as unhas.
Tremo as pernas.
Estalo os dedos.
Tudo em mim é reflexo deste anseio
Onde a causa é evidentemente ausência dele.
Uma nostalgia incoerente.
Uma saudade estranha.

Rejeito este sentimento.
Não quero viver de passado
(Como diria minha mãe).
Mas é que quando lembro dele
Consequentemente lembro de uma boa época da minha vida
Onde não havia doença,
Não havia crise,
Não havia efeitos colaterais de remédios
E consequências da crise.

Nunca me imaginei escrevendo essa poesia.
É engraçado como as coisas mudam.
A vida é mesmo um caleidoscópio, doutor,
Mudando a todo tempo.

Outro dia mesmo eu recitava poesias debaixo de uma chuva fina.
E fotografava poetas desconhecidos porém incríveis
Enquanto Suplicy nos escutava atentamente
E nos honrava com sua presença incrível.
Eu beijava um poeta
Eu me emaranhava em seus cabelos e barba.
Tudo passou tão rápido...
Não me enxergo neste presente.
Parece que ontem eu estava mais viva.
E meu erro é relacionar isto à uma pessoa.

Caro psicólogo,
Eu as vezes até sinto nostalgia quando lembro de Rockland.
Porque lá haviam pessoas como eu:
Reais. Despidas de suas armaduras de arrogância.
É estranho dizer isto visto que eu passei por um mau bocado lá
Tantos traumas que até Deus duvida.
Mas lá eu estava afastada de tudo,
Cuidando de mim e apenas isso.
É muito incoerente esse sentimento?

Eu desejo que o tempo passe.
Eu desejo ver as próximas figuras que esse caleidoscópio vai dar.
Te trazer outros assuntos, outras novidades.
Me esquecer do que me trouxe más lembranças
E guardar o que foi bom com zelo
Mas sabendo que passou
E sabendo aproveitar o presente.



sábado, 17 de junho de 2017

Palavras Dispersas

A causa e o efeito das coisas
Que me trouxeram até aqui
Desconheço.
Sou o deter do tempo
Impedindo o devir
Sou o cansaço que fica
Depois de um dia inteiro
De risos e choros.
Fito minha câmera num canto do meu quarto
Enquanto escuto Belle & Sebastian
E junto palavras recortadas de pensamentos meus
Como uma criança recorta e junta palavras de jornais e revistas.
Hoje sou uma pessoa frustrada
Com poesias incompletas e fotografias chamuscadas.
Ah, essas minhas fotografias...
Seu sorriso ficou na memória
Como uma fotografia em preto e branco
Numa tarde no parque.
(Onde leva essa minha nostalgia?
Num achismo ridículo de pensar
Que ontem a grama era mais verde
E que os pássaros cantavam sinfonias
E hoje só assoviam)
Guardo as fotografias e poesias como relíquias
Não quero deixar passar nenhum instante
Sou todos eles
E não sou nenhum
Porque passaram.
E nessa incoerência sigo
Dispersa entre palavras.
Porque a sensação de ser e estar
Pulsa na minha mão
E as palavras são consequências
Desta dispersa pulsação.














terça-feira, 13 de junho de 2017

Une Date Noire

Um chocolate numa noite fria,
Um gole d'água e uma virtual companhia
São desilusões de uma data vazia
De um dia dos namorados que só se salva com poesia.

Data fútil, inerte
Passa o tempo e não há nada que conserte
Essa minha falta de viver
Não há nada que me anime
Que me encante ou dê prazer

Ainda assim há de haver esperança
Pode ser tolice minha ou inocência de criança
Pensar na vida, avião de passagem,  depressa a decolar
Sob desilusões, nostalgias e carências de amar.

Gabrielle Portella e Leonardo Cordeiro Ribeiro

Ficar o dia dos namorados escrevendo sobre desilusões dessa data em poesia, é com nós mesmos.

- Blog do Leo: http://www.m0n0cr0mia.tumblr.com

domingo, 4 de junho de 2017

Um Je Ne Sais Quoi

Ah essa angústia de ser
só um pouco do que se quer
e de ter só um pouco do que se imagina
é aflição nessas tardes tão infinitas.
O meu desejo é estar só
e sentir a brisa do mar
escutando Jim Croce
como há uns quatro anos.
O tempo passou como a areia da praia
escorrendo por entre os meus dedos
enquanto o vento a levava.
Quatro anos...
quantas coisas acontecem em quatro anos?
Como estarei dentro de quatro anos?
Estarei viva?
...
Fito minha janela iluminada pelos últimos raios solares do dia
ela me diz tantas coisas...
Ela me diz que o tempo é assim mesmo:
agora parece não passar, com essa angústia eterna
mas logo logo a sensação de que passou rápido voltará.

A janela do meu quarto é tão poética quanto Tabacaria
me remete um cigarro mal tragado,
uma cerveja engolida a seco,
um tombo nas águas geladas do mar do Rio de Janeiro...
me remete Joaquim,
me remete João e José,
Me remete você...

Você é música do Frank Sinatra na tarde de Sol poente
você é poesia e chá de camomila
é conversa jogada fora e calmaria
é o vermelho na boca, o vinho tinto
é o tudo, é o nada, é o 'je ne sais quoi'.


sábado, 3 de junho de 2017

A Poesia de Amar

Respiro aliviada neste dia
que já conta com os seus últimos minutos
assim como minha angústia.
Sei que está passando neste tempo
no agora decorrendo lentamente
o passado outrora tão presente
(de um outrora recente).

Vi um moço atravessar a rua
depois de desenhar uma rosa num papel
e me dá-la discretamente com um belo sorriso.
O admirei intensamente por uma tarde longa
mas o dia se pôs e o vi ir embora
do lado oposto da direção do Sol.

Passei tardes inteiras imaginando sua volta
com sua rosa desenhada em minhas mãos
escrevendo poesias para ele que nunca foram lidas.
Cheguei a saber dele, mas nunca mais o vi.

Outro dia chegou e eu vi outro moço.
Era bonito e a mim se dirigiu com belas palavras.
Era poesia pura sua intensidade
algo belo de se presenciar.
O dia findou-se e ele não foi embora,
mas ao cair da noite uma névoa fria tomou o ambiente
e eu o perdi na imensidão.

Eu, perdida, tropecei no chão
e quando me levantei estava diferente o local
assim como eu.
A noite não havia passado,
e tudo o que eu sabia é que ele não estava mais lá
e assim como o outro moço, pensei comigo
- Ele não vai voltar.

Ao raiar do outro dia encontrei outro rapaz
era jovem e alegre como um girassol
Me encantou, me trouxe esperanças.
E por um momento, um longo momento, me fez acreditar
que haveria finalmente paz em meu coração.
Mas em mim houve uma grande tribulação
e dessa vez fui eu quem partiu,
em direção ao Sol se pondo, à oeste.

Agora a solidão me abraça delicadamente...
não sinto isso com tristeza
mas sim aliviada, como já disse
pois sei que do amor que tive fui sincera
e fiel à fidelidade que o poeta Vinicius já recitava.
E sinto que em mim ainda há espaço para amar.
Olhares, toques e beijos...
Tudo isso me inebria.
Sempre haverá em mim a poesia
de amar.

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...