segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Poeta

O poeta observa tudo discreto
em sua retina os versos se conectam,
as suas mãos castigadas pela escrita
revelam a sua paixão e a sua vida.

O poeta instiga-me os sentidos
com a sua beleza singela,
em seu olhar compreensível,
em sua ternura dispersa.

O poeta quebra-me a rotina
e desperta-me a paixão
a cada estrofe de sua poesia
sinto-me mais viva .

O poeta não sabe ou imagina
que seu traçar não é só no papel
ele inventa histórias ,
ele foge das rimas,
ele cantarola o poema,
ele sobe no caixote,
ele proclama pelas ruas,
ele me faz sentir bem forte
a felicidade por ser sua.


Gabrielle Portella























domingo, 25 de outubro de 2015

A Minha Caverna Sou Eu

A minha caverna sou eu.
Me escondo diariamente de quem sou,
tento esquecer o que me corrói,
tento fingir que estou bem.
Todas as noites um sono maldito me ilude
com a fantasia daquilo que queria ser.
Ele sufoca-me ao acordar .
Estou perdida!

Minha esperança eu plantei e rego-a com lágrimas.
A tristeza me é como fonte de realidade,
quebra-me as ilusões e fortalece-me as verdades.
Estou forte porque estou triste.

Minh'alma está atada numa cama de hospital,
O hospital é os meus pensamentos.
Desatarei nó por nó dessa minha condição
na ala dos meus sentimentos.

O passado é sempre melhor que o presente,
e no futuro desejamos o que um dia foi presente detestado.
É aquela velha história do "eu era feliz e não sabia".
Minhas feridas de outrora castigadas
hoje me parecem meros machucados.
E o que vivo ? Me é como câncer nas minhas ideias.

A felicidade é furtiva, passageira e inquietante.
ah se meu riso durasse mais que um pequeno instante,
ah se a vontade perdurasse em minha cabeça
e não se afogasse no desanimo
e não se detivesse no tempo fugaz.

E essa reticência que eu sempre ponho,
quando o que eu queria era dar ponto final,
uma exclamação, quiça, serviria .
Mas acabo em depressão, tristeza e poesia
...

Mas não me faltará páginas pra rascunhar a minha lástima,
depois da reticência pode haver um novo capítulo,
nesse posso pôr ponto final na minha angústia
e escrever um novo livro pra minha história.

Há tanta gente no mundo com tantos medos quanto a mim,
há Dom Quixote em toda parte lutando contra moinhos de vento
E eu sou um deles.

Secarei o meu choro que torna os meus olhos embaçados
assim verei melhor o horizonte,
onde a paisagem é mais bela .


domingo, 5 de julho de 2015

Estou Viva

Conte-me algumas mentiras,
Apague-me de suas lembranças,
Mate-me as auto-cobranças,
Esfaqueie-me o sentimentalismo.
Mas, afinal, tudo já se fora por si só.

Limpei a minha alma com lágrimas,
sem questionar a Deus, nem lamentar.
Todos os nós que me prendiam eu mesma desatei.
Os rios da minha mente desbravei no escuro
e encontrei a sorte no dia da minha morte.

E estou mais viva:
O paraíso é o que faço dos meus pensamentos,
Inferno é não questioná-los.

Gabrielle Portella

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Dia 17

Segunda-feira, 17 de novembro de 2014

 Já perdi a noção do que o mundo me reserva por detrás dessa porta, desse guarda, desse entrar e sair de médicos ou enfermeiros com laudos, com exames ou com uma simples garrafa de café ao fim de tarde, que me anuncia à confeccionar essas datas. É hora de desenhar em cada folha um dia, e agrupá-las no mural, uma atrás da outra. Faço isso aqui mesmo na recepção, pois ao conversar com uma enfermeira, sinto-me mais normal, mais humano, esqueço-me do motivo que me trouxe mais uma vez aqui.

Sábado, 17 de janeiro de 2015.

Les Yeux Ou-Verts

Horizontes pálidos na verde
aurora dos teus olhos
enlouqueço, adormeço
acordo a hora, à hora.
semanas que se estendem
e recaem sobre nossos coações
pacatos, frágeis - amantes.

Meu sono, meu sonho
lábios selados se beijam
o desejo nunca foi tão latente
a morte nunca outrora tão incoerente
os dias tornaram-se jornada
as noites, as tardes, passagens.

Fogos de artifício explodem
em silenciosos sorrisos
desvaneço em seu olhar
em seu olhar místico,
em seu sorriso tímido...
Como quem soubesse da vida.
Suas matrizes escondidas em nós
transformam os segundos em momentos infinitos.

Infinito-me na sua frequência
numa tenebrosa ausência:
colorida, doce, nova,
ardente, minha - nossa.
Cortejo sua neblina
anoiteço a sua rotina
entorpeço a sua mania
trago licor à sua poesia.


Gabrielle Lamarque e Pedro Venturini

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...