segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ampulheta de madeira II

Varreremos os quartos, é a hora da luz.
Faremos o parto, e o nascimento conduz.
Que nesta vida encontremos um ciclo
no mágico círculo que criam-se as formas.

No útero fértil que contém esta terra,
esta origem, esta nova vida feito mina,
onde toda preciosidade se encontra.

E a madeira que guarda o tempo
se inverte outra vez: um recomeço!
A segunda era, a semente germinada,
os ventos tragam a nuvem, e a chuva.

Tomemos o cálice do viver...
e que as velas levem os sonhos.
Ao apagar da luz, a troca de energia...
e que tudo nasça agora com magia.


Gabrielle Castaglieri

sábado, 29 de outubro de 2011

Universalmente Eterna

Foi que o amanhecer serôdio chegara.
Depois da lamentação do entardecer
houve o sono, a noite, por fim o sol,
concretizando o sempre renascer.

Mas este dia já dura-me tempos
que canso-me de tantos e tantos risos
e entristeço-me pela noite que não chega.
Sendo noite, sendo dia, não descanso em alegria.

Pois é saudade da Lua, das estrelas no escuro.
Pois foi saudade do Sol, do calor e do claro.
E é esta saudade que deixa-me em cima do muro.

Queria, pois, dia e noite juntos. Lua e Sol.
Gostaria de casar o dia e a noite.
Que maravilha. Que lindo. Mirífico!
Estaria completa em plena eternidade
- no nunca fim do dia e noite
e do sempre... sempre fim-
eternidade dos astros e das cores.
O azul claro contrastando com o escuro...
Que maravilha. Que lindo. Mirífico!

E na imensidão dos desconhecidos astros
mergulharei sem especular ou duvidar.
Universalmente eterna em eternidade.
Eternidade universal que desconhecemos.
Que ilegaliza, a nossa finita idade...
por constrangimento da ignorância,
por ser finita no dia, ser finita na noite.

Gabrielle Castaglieri

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ampulheta de Madeira I

Nos segredos que atravessam as nucas
se guardam as vozes apaixonadas.
Onde um beijo escondido nas rugas
é ampulheta pós adaga transpassada.

No espelho: autoevidência,
do corte e da ampulheta;
e da paixão, e da frieza;
do cortejo e do divórcio;
e do nada pálido que se fez...

Olhos vistosos da meninice
tornaram-se um só, num só vulto,
que já não veem nenhuma curva...
esta luxúria prendeu-se em sepulcro.

E nas ruas que cortam florestas
formam-se as alamedas vidas,
envolvendo-nos no corte da seda
quando passamos por alamedas vivas.

Vida envolcra por árvores que respiram
e escutam nossas prosas e proesas.
E leem as graças, e as saboreiam,
do escravo, do duque, da duquesa.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Razão para o tempo

Rogo pelo afago do tempo precioso,
que ele me abrace dias mais curtos,
que ele me beije alegrias mais longas.

Ímpeto de ações impensadas...
efêmero... nada mais que efêmero!
Quero uma razão cordial para o tempo.
Quero amar e pensar com o tempo...
Pensar sem este tempo traz fobia,
traz o medo de ser só instante perdido,
traz a dor de partida num verso de poesia.

Mas nestas horas meu coração perde tempo...
e, por perder, pede; e, por pedir, ganha.
Com um tic-tac atrasado de um relógio
meu coração, em poucas letras, clama.

Neste clamor escrito posso escutar
uma voz que canta e vem me abraçar
fazendo-me esquecer do tempo...

Mas passam-se horas e os pensamentos gritam
mais alto que o canto, mais alto que o relógio.
E continua a agitação, na calmaria da noite.
Na escuridão peço uma luz, em prece, com pressa.

Gabrielle Castaglieri

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quão grande é nada.

Não poderei desfazer o que não foi feito.
Nada foi, nada é... quem sabe será...
Quem sabe terá seu efeito.
quem sabe... será?

Mas se não sou, poderei ser?
Mesmo sendo alguém que sabe que...
Hoje, em nada, sou tudo;
amanhã, em tudo, serei nada.

Ainda que a beleza de um objeto desapareça
serei tudo em poucas palavras manuscritas.
O que restou do saber de uma vida...
Meu regozijo é essa tinta e papel,
é a arte que ainda pode ser sentida.

Quão grandioso é o "nada".
Por nada escrevo...
(Por nada, senhorita)
...pois onde há "por nada"
há também um "obrigada".

Gabrielle Castaglieri

Fiquem com Deus, queridos.

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...