terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cadê a cor do mundo?

Nossas lágrimas que rolaram
Tiraram a cor do mundo.
As flores se desbotaram
E o poço está bem mais fundo...
De tanta água que há
Pois toda água que há é lágrima.

Cadê a cor do mundo?
Esta escuridão quase me invade.
Cá dê a cor do mundo
No coração que ainda bate .
Agora o mundo aqui
é todo acizentado.
Pois nosso mundo era só nós dois...
Mas ele foi detonado.
E nosso mundo era feliz
nele nunca faltava a cor.
Pois, se faltava, você com seu giz
Pintava os muros na cor do amor.
E eu pincelava a tristeza
Criava novas flores com suas novas cores
Èntão em tudo havia beleza.

E nas ruas eram escritas
Canções, orações e poesias
E cada pessoa que passava sorria
Pois às palavras, com seus pés, dava melodia.

Gabrielle Castaglieri

Naquele Acorde

Naquele acorde seu de manhã,
No seu solar do sol, eu fiquei sã.
Naquele acorde eu acordei
E à esta música eu cantei!

Naquele acorde o sol se esbanjava
Naquele acorde o céu clareava...
E o Sol era lindo e seu sol era limpo
Era pura poesia que nascia fluindo .

Naquele acorde a corda vibrava,
Naquele acorde o mundo acordava.
E todo mínimo som que aparecia
Parecia fazer parte da melodia.

Gabrielle Castaglieri

sábado, 26 de janeiro de 2013

Vi na rua de Lisboa...

Vi na rua de Lisboa uma senhora a caminhar
Parecia-me sedenta de uma chuva, de um solar
Caminho com gotas a pingar.

Vi na rua de Lisboa os postes se acenderem opacos
E os homens embaixo pouco iluminados
Darem-se as mãos e fazerem-se alguns pactos.

Vi na rua de Lisboa viajantes andarilhos
Caminharem dispersos a atravessar aos trilhos
Do conhecimento da gente que puxa o gatilho.

Renato Padenie

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Não leia

Hoje eu não quero te escrever
Pois tudo do que escrevo
Sei que nada irás ler.

Se acaso veres esta poesia
É bem provável que apenas
passes os olhos perante as linhas
E não leias a parte de minh'alma
Que pinguei neste tinteiro.

Hoje eu não quero o amor
Pois não quero mais a dor
Dessa desventura.

O que os olhos não vêm
o coração sente sim.
E sinto muito, mas vejo
que tu não podes sentir
A verdade dos meus atos
E das minhas poesias .

Hoje eu não sou ontem
Pois já desconheço você
Que dormiu ao amanhecer.

Me entreguei àquele velho clichê
De "querer não é poder",
Pois não depende só de mim
Tampouco só de você.

Hoje o trem sacode
Mas segue em retidão
Trazendo náusea e sofreguidão.

Eu achava que não duvidavas
Do grande amor que sinto
Que sabias que não minto,
Mas vejo que não é assim
Que você já se perdeu de mim
E vê-me, então, como um fim.

Hoje a paisagem é borrada
Pelos meus olhos sem cor
Que vazam amor (ou dor).

Eu escrevi seu nome em tudo
Sonhei com seu sorriso mudo
Deveras pintei seu rosto, contudo
Hoje isso tudo não passa
De um livro deixado no escuro.

Hoje eu não sei de ti, não sei de mim.
Não sei quando tudo terá fim...
E nem sei se o terá.

A cada dia sigo a nova jornada
Com pessoas novas, e até me sinto amada.
Mas não sinto conseguir amar
Outra vez, como te amo e amarei.

Hoje eu te vejo sonhar
A amar outro alguém
E este é o meu penar.

E soa o meu tudo
Em pensamentos mudos,
Que nunca ouvirás
E se revoltarás
Pelo o que supôs ouvir.

Hoje eu me cansei outra vez
Como naquele dia de pranto
Das lágrimas de ambos a cair.

Cansei desse choro no canto
Por do teu canto haver saudade.
Mas ainda é pouca a minha idade
Nada agora há de fluir .

Hoje eu te amo como ontem
E como sempre ei de amar
Com vitórias, ou com penar.

Gabrielle Castaglieri

Meu recado

Meu amor, eu não consigo
Parar de sonhar contigo
E, ainda mais, sonho acordada
Dizendo "eu te amo" calada.

Sigo aflita, mas prossigo
E seu nome é como um abrigo
Mentalmente te chamando de amado,
A repetir o seu nome: meu recado.

Te encontro numa nuvem nublada
Ou no vento ou numa tarde ensolarada...
Ou em qualquer momento.

Te encontro em mim nos instantes
Em qualquer gesto, é constante
Sua morada aqui dentro.

Gabrielle Castaglieri

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Eu Sou o Desprezo

Eu sou o desprezo
De qualquer preso que se preze
Pois já fui desprezo
De toda a sela que se preze.

Eu sou desprezo prezado
Porém desprendido
Dos presos pesados
Por seu crime cumprido.

Eu sou prece prosada
Pelo preço do desprezo;
Procissão presa e prensada
Por profanar aos prezados presos.

Gabrielle Castaglieri

Em Tenda, Entenda

Em tenda do amor
o amor só tende a vencer.
Entenda do amor!
Isto a gente tem de entender.

Entenda do amor,
Com tenda ou sem tenda.
Pois em tenda do amor
Não há de ter contenda .

Em tenda do amor
A contenda contém-se
Mas em tenda do amor
Não contém a contenda.

Entenda do amor
Que ele tem de acontecer
Logo, em tenda do amor
Tende a amor tecer.

Em tenda do amor
A dor tende morrer
Pois, entenda do amor
Que à dor faz amortecer.

Entenda da tenda que tende
A ter e ser do amor .
Em tenda atenta só sente
Quem entende do amor.

Gabrielle Castaglieri

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Atenda

Atenta desperto sedenta por você
Depressa corro à sua tenda por você .
Então atenda que aqui fora venta e eu quero te ver
Me peça que eu sente, aí a gente inventa algo pra fazer.

Saiba que minha renda só rende quando você
Atende e me contenta tanto ao me receber.
Então a tenda sua é de renda minha, é meu direito
Vou te pôr uma venda, pois estou sedenta de tirar proveito.

Compreenda: a minha carência é só por você
E me prenda se for mentira o que escrevo à você.
Pois você é minha tenda: onde vou me esconder.

Entenda: só a tua presença fará minha vida valer
Em nossa tenda, vestida de renda beijando você
Isenta da dor, vivência em amor, amando você.

Gabrielle Castaglieri

A Tenda

A tenda é o amor
E o amor é você.
A tenda é o lugar
Onde brilha o luar
E é lindo, é o teu olhar
É o meu refugiar.
A tenda é o certo
Da distancia perto;
É o gigante esperto
Que é o amor secreto.
A tenda é a vida sedenta
Pela paixão e sua ardência
Pelos suspiros banhados
Em chocolates amargos .

Gabrielle Castaglieri

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Estou Mais Forte



Estou mais forte.
Ah sim! Sou bem mais forte.
O quê da morte?
Já não me importo
Pois se há tantos mortos
Andando vivos.

Já saí disto.
Já sei bem disto:
A vida não é só viver
Tem de se conhecer
E de conhecer ao outro
E do pequeno potro
E da pequena égua
E do pequeno bode
E da pequena cabra...
Tem de se questionar!

Quem não sabe interpretar
Facilmente é enganado
E dorme nas linhas da vida.
Acorde logo antes que a dita
Se domine de você,
E não mais faça o teu querer.

Tapa na cara dói,
Mas também dá um pulsar
Pro motor não parar,
E a pessoa se ligar.

Não pare aqui, aguente firme
Desça os olhos pelas linhas.
É só um conselho de amiga,
Pra você não desistir.

Não desistir de ti mesmo
Que deixastes no acostamento
Esperando o reboque
Para vir lhe socorrer.

Você tem aí o motor
Precisando destas peças
Que agora estou lhe dando
Pois não demore, vá depressa.

Gabrielle Castaglieri

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

No nosso quintal


 Escute :
 














Não vou indagar-me sobre lutas passadas
Porque se se acabaram, ou já venci ou perdi.
Mas não perdi. A derrota eminente
É para quem ou o que era o oponente.

Ligues os meus versos imersos
Em grande sentimento de fé.
Te conheço, e sei que és complexo
Mas sei também que já estás de pé.

E acredito neste ardor
Sei que é pra sempre o amor.
Mas de nada me arrependo
Veja que nem estou podendo.

Forte bate o coração
Nas portas do meu ser,
Tenho tamanha gratidão
Mas também quero te ter.

Um dia a garoa pingará
Nas nossas roupas no varal
E quando ambos formos buscar
Haverá luz lá: no quintal.

Gabrielle Castaglieri

PS: Se a música que eu postei fosse "22-04" em vez de "22-11" seria bem melhor ! ^^ rsrsrs

Do esburacado muro

Do esburacado muro
Um passarinho surgiu.
Cê viu?!
Pois eu vi, foi lindo.

Resta saber se ele surgiu
Ou ressurgiu.
Cê viu de novo !?!
Ressurgiu!
Mas que barato,
Que imagem linda.

Onde pode haver um ninho
Dentro deste muro?
É um pouco triste, é um tanto duro,
Pensar no passarinho lá:
Sozinho no escuro.

Mas é confortante ver
Que ele é forte pra sobreviver,
Mesmo não estando em natureza
Ele canta no muro e torna a beleza
Muito mais bela, com certeza.

Gabrielle Castaglieri

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ser e des-ser


Ser e Des-ser

Não diga que eu não tentei
Ser o que querias que eu fosse
Me sujei, ao meu coração enganei
Mas uma hora se acabam as poses.

Dissimulei, não à ninguém
Somente a mim.
Dissimilei , porém,
O que é bom enfim.

Na verdade nunca fui
O que vês em sua mente.
Tu somente te poluis
Em sua mente que a ti mente.

Ser sem des-ser
É raridade para poucos.
Seja ser não dizer
Ser quando é oco.

Tenho sonhos palpáveis
Amores tão reais
Mas para seres lamentáveis
Amores podem ser fatais.

Não me lastimo do que faço
Quando o hoje é contente
Pois não sou de seguir os passos
De quem diz ser e mente.

Só mente somente
No imensurável irreal.
De sua mente, francamente,
Vá iluminar seu castiçal !

Se quiser ser basta ser
E viver a vida real.
Se quiseres crescer
Desça deste pedestal.

Gabrielle Castaglieri

Querido Amigo

Não me engano ao dizer que te amo
Mas não quero cair no engano
De renunciar a minha liberdade
Para deitar numa falsa verdade.

Veja, eu que pouco vejo daquilo
Sei que não estás tranquilo
Perdendo teu amor verdadeiro
Para seguir o dogma rotineiro

Se liberte de si e a ame
(Aquela que te ama e quer bem)
Não olhe pra mim e s'engane
Pois sem mim viverás bem.

Você tem um coração enorme
Que chora e ri quando se repousa
Você brinca, ama e dorme
Quando já cansado da força.

Não se lamente, se contente
Pela liberdade que lhe mostro
Sou livre assim, igualmente
E já não guardo mais remorso
De quem já quis meu pescoço,
Ou meu sangue em sacrifício
Pois ele foi também vitorioso
Ao ver minha vida em comício.

Sinta: meu poema é simplório
Mas diz o que a alma sente
Amo-o, pois peço e imploro
Que na verdade seja crente.

Abras teus olhos e sinta ser
O que sempre teu amiguinho escondeu
Que és mais poderoso que ele
Quando libertares dele o teu eu.

O céu é um lugar muito perto
Para pensar em somente alcançá-lo.
Não pode ser que isso esteja certo
Nada disso existiria se não fosse criado.

Ouça essa pura canção
Que parte da minha pulsação.
Venho cedê-lo acalento
Mais um eterno e doce momento.

Não acredite em destino, amigo !
Seja o vírus do sistema, querido!
Você sabe do que estou falando,
Mas acalme-se que só estou amando.

Não prego ironia nesta poesia
Eu nunca antes te amei tanto assim
Para te falar da verdade, sair da monotonia
E te desejar tanto bem enfim.

Mas entendas, serei tua amiga
Quando precisares de uma amiga.
Não quero ser tua mira e rotina
Tampouco ser tua suja piscina.

Te tiro das minhas costas e o faço pensar
No que pode ser o verdadeiro amar.
Mude sua vida se feliz quiser ser
E não somente  estar, em falta de poder.

Se te chamo de querido é porque é querido
Não foi ilusão um dia tê-lo lido
E hoje é possível dizer sou tua
Amiga e amiga e amiga tua.

Gabrielle Castaglieri 

PS: Escrevi essa poesia ao Pedro, que amo muito e desejo tudo de bom !!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Nego nada

Tuas palavras correntes
Negam a negação.
Não ao nada 
Evidente, proporção.

Não à ninguém
Negas a língua
Faminta ao destino
Ou ao predestino.
(Sim àlguém ).

Gabrielle Castaglieri

Amando


Quando olho nos teus olhos
Lembro-me do aroma do óleo
Que no meu olho foi derramado
Com amor ou dor, foi derramado.

Óleo que fez-me ver e sentir
Tudo o que vim a descobrir
De santo em seu doce encanto.

Lembro-me de suas mãos em meu pescoço,
De tua carícia em meu doce dorso...
Ah, meu querido, e de teu corpo atento
Aos meus gestos, à cada movimento.

E nessa luta fria-quente
A gente mente, a gente sente
E se evitam os olhares.

Gabrielle Castaglieri

Abrindo os portões

Eu não sou nenhuma trouxa
Mas também não sou uma bruxa.
Não me defino, porém, louca
Mas escuto músicas da Miucha.

Sente-se no meu bom divã
E te direi com'é ser sã.
Mas na minha doutrina particular (aviso)
A sanidade n'é nada peculiar.

Doutrino em mim o saber:
A filosofia me faz viver.
Abrindo os portões da minha mente
É na verdade que estou crente.

Para quê olharei quando não vejo claro?
Ei de saber o que é claro para depois poder ver.
Entenda, na dúvida está o que é raro.
Que é o doce e puro amor pelo saber.

Volto e digo que não sou nenhuma trouxa
A carregar tantas mulambas
E que logo fica frouxa
E serve nem pra ir pras pampas.

Sou . E somente sou
À indagar minha existência.
Vou. E somente vou
À verdade suprir minha carência.

Gabrielle Castaglieri 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Entenda


Entenda que a gente tem de ser feliz.
Entenda, que nada foi como eu realmente quis.
Na verdade, quer saber?! Nem precisa entender.
Só quero ver você viver feliz!
Eu só quero ver você viver...

Eu sempre soube que nada iria passar
Mas sempre coube ter que me acostumar.
Porque o passado é mais presente que o presente
Mas não consigo me presentear um presente.

Gabrielle Castaglieri 



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um soneto que diga do fim...

Antes de mais nada, escute :







Les Deux Saltimbanques - Pablo Picasso 
Para buscar ao fim, para saber do fim

Para buscar ao fim é preciso saber do começo
E saber do começo é uma busca sem fim;
É preciso saber de si com precisão,
Mas, com precisão, só sei que não sei de mim.

Porém o fim não se detém ao tudo.
O fim pode ser só o passar de um segundo.
O fim está sempre presente à tudo o que há
E é fim que indica sempre um recomeçar.

Ponto final fatal. É fim e fim.
Fim não contenta-se em manter-se único
Multiplica-se nas ações sempre havendo um novo fim.

Para saber do fim as reminiscências bastam.
Sendo assim, basta olhar para trás
Verás que o fim já findou-se, e no passado o fim jaz .

Gabrielle Castaglieri 

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...