segunda-feira, 9 de maio de 2016

Agora calo-me

Agora calo-me.
Calo-me em som somente,
Pois percebo que surdamente
Tens te encontrado comigo .

E agora o meu grito é todo
Palavra muda, que à tudo exala.
Para que todos do mundo
Sinta o que se cala mas fala.

Destemido vou prudente
Pois, de sofrido, já fui vivente.
E hoje, simples, estou contente
De morrer à quem mata a gente.

Do amor: plantei aos montes
Calados entre as cidades.
Visto que vivo a tentar conhecer
Da morte, a bordar verdade.

Dou ao gozo mórbido que vos atrai
Meu desprezo vivo e feliz.
Pois gozo em amor que não cai
E só dou asas à sonhos que fiz.

Da sequidão que sentia
Passei de sentir para ver e provar.
O gosto era amargo e ardia
A cada hora que eu começava a amar.

Mas leia muito bem à isto:
Comerei a cada grão deste prato.
Comerei a cada grão, ainda que farto
Esteja eu destes petiscos.

E obrarei todo endiabrado dia.
E daquelas granuladas fezes
Escreverei minhas poesias
Anulando às tuas teses.

Obrarei à cada grão que comerei
Sentado em meu trono de rei
A escrever minhas tantas poesias
E a esbanjar em gozadas ironias.

E de cada grão um degrau faço
E, calmamente, dou meus passos.
E há de ler este poema curioso de mim
Mas não se preocupe, já te traço: é teu fim.

O meu silêncio então grita
Apesar de mim, pois a palavra é viva
E se desloca muda ao surdo
A expor-lhe o vero do que há em tudo.

Fernando Faramíglio

Contentes Frustrações

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