quinta-feira, 27 de julho de 2017

Esperança

É uma música do Carpenters tocando.
É um filme em preto e branco no Belas Artes.
É o pôr do sol na Paulista...
É um poema sem rimas.
É uma unha roída.
É a comida deixada de lado.
É a angústia.
É uma conversa com o psicólogo.
É contradição dessa conversa.
É um arrepio.
É o estalar dos dedos.
É o anseio.
É o truco com os amigos.
É o orgulho.
É o orgulho.




terça-feira, 18 de julho de 2017

Frente Fria

Já não sei quem sou.
Tenho medo de olhar pra mim
E encontrar aquilo que me quebrou.

Talvez eu seja aquilo que sobrou
Das tardes quentes das primaveras da minha vida
Da linda flor que em mim brotou
Talvez eu seja a pétala caída.

O que aconteceu com os meus sonhos?
Se dissiparam pelos cantos onde passei
Pelas ruas e avenidas e esquinas
Pela longa caminhada que levei
Pra chegar no fim-de-mundo que cheguei.

Ah se não fosse a poesia
O que mais salvaria
Essas tardes frias de melancolia?


quinta-feira, 13 de julho de 2017

Das Coisas Que Eu Me Lembro

Eu me lembro do exorcismo que me fizeram,
Antes fosse o capeta o meu problema.
Era ali só o começo das minhas desventuras.
Depois, eu me lembro daquele pronto socorro
Uma maca dura, faixas nos pés e nas mãos
que me prendiam brutalmente.
O descontrole mental e consequentemente corporal,
Uma comida intragável,
Um moço descontrolado gritando ao meu lado...
Mas passou.

Outra vez fui internada.
Dessa vez num hospital, onde eu voltaria mais tarde.
Eu me lembro da rádio tocando música pop, 
Eu me lembro do café nem-sempre-amargo servido puro aos pacientes nas tardezinhas, 
Eu me lembro dos remédios controlados,
Mas me lembro também que sai rápido da internação. 

Voltei àquele hospital, como já dito, e:
Foi horrível. 
Eu me lembro de passar noites inteiras amarrada à cama
Me contorcendo pra desamarrar nó a nó.
Eu me lembro de quando me anunciaram que meu avô havia falecido,
Eu fiquei triste, mas não chorei (não na hora).
Eu me lembro de quando me disseram que o carro do pai do meu então namorado havia quebrado e eles demorariam pra voltar 
Eu surtei um pouco mais.

Das coisas que eu me lembro da minha vida 
Percebo que de tantas desventuras que passei ou passo
Nem de João nem de José pertencem.
Digo, eu sofri sim quando João foi embora me deixando 
ou quando perdi José 
Mas a minha vida é complexa demais pra atrelar somente àmores a minha dor.
Me lembro, por fim, que se sofro hoje é porque
Inúmeras vezes no passado eu sofri também 
E hoje a minha sina é  desligar a cadeia de coisas que se formou
Vez por vez, uma por uma
Pra voltar, enfim, a minha paz.

- GSP





domingo, 2 de julho de 2017

O Meu Corpo



Todo corpo é uma história,
um livro de contos.
Cada conto uma curva,
uma estria, uma celulite.
 E o meu, não diferente,
é também uma história
que continua a se construir.
Aprendo lendo o meu corpo diariamente
e escrevendo em mim outras partes dessa história
emagrecendo ou engordando,
inchando ou desinchando,
criando músculos ou ficando flácida,
é minha história e só minha,
exclusiva, única e particular.

Meu corpo é uma história
um drama sempre sempre.
Engordando, inchando, tremendo.
Uma desventura após a outra.
E a sociedade é cruel
nos faz se sentir mal por algo natural
nos culpa por coisas que não temos culpa.
E eu cai nessa, me afundei
desisti de mim e a ansiedade me dominou
Cada vez mais engordando
Cada vez mais ansiosa
E a obsessão por emagrecer crescia
essa vontade insana por me enquadrar no padrão...
Mas posso dizer enfim que meu corpo é motivo de orgulho
pois é reflexo das minhas lutas
reflexo do meu sofrimento e prazer.


Eu Me Lembro

Eu me lembro daquela foto que você tirou minha e eu não gostei.
Eu me lembro da sua fascinação por estalar os dedos do pé.
Eu me lembro da sua vaidade pela sua barba.
Eu me lembro do cheiro dos doces da sua mãe.
Eu me lembro da carta que você escreveu pra mim e eu, em pura insanidade, não gostei.
Eu me lembro também da carta que você escreveu, e já dessa eu amei (e guardei).
Eu me lembro do seu jeito desengonçado de dançar e cantar suas músicas.
Eu me lembro de você tentando me puxar pra dançar na festa de casamento do seu primo.
Eu me lembro de você cantando desafinado no karaokê.
Eu me lembro do cheiro dos seus cabelos.
Eu me lembro das primeiras músicas que escutamos juntos.
Eu me lembro do primeiro show que fomos juntos.
Eu me lembro do primeiro beijo.
Eu me lembro das poesias que você escrevia e gostava que eu lesse.
Eu me lembro da textura dos seus cabelos e barba.
Eu me lembro dos detalhes de momentos bons que passamos e quero me lembrar apenas deles.
Quero me esquecer do que me desagrada e guardar somente esses bons momentos na memória.
E que eu possa escrever futuramente outras histórias
Outros amores, outras sensações, outras conquistas.
E que toda essa minha melancolia
se transforme outra vez em poesia.



Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...