segunda-feira, 28 de março de 2016

Poema das Leis (físicas)


Um corpo em movimento
É sempre um corpo em movimento.
Porém um corpo inerente
É sempre imbatível
estático
permanente.
Não contradiga minha inércia
Eu sou mesmo inerente
Já não sinto o presente
Não há o que me movimente.

A minha força é resultante
Da quantidade da massa
Que eu trago no meu ser:
Leve, viva, incessante
Minha força é impulsionada
Por minha vontade de viver.

Logo, por assim dizer,
Saiba, a tua ação não é alheia
Na tua mão
a dor que produz a alguém
Reagira a ti mesmo
Num eterno vai vem.

  
Gabrielle Portella

domingo, 27 de março de 2016

A transa é uma disputa
que no final a mulher
é sempre tida como puta.

Sentir: é possessão.
Se sentir: faça com a mão.
Na cama ninguém tem razão.
Quem sente é quem se permite
a fantasia e a ilusão.

Estou traficando sentimentos
que entorpecem a razão:
ninguém mais quer ter vazão,
ninguém mais quer a verdade.
Num mundo cheio de vaidades
de gravidade vai ao chão.

- Gabrielle Portella


domingo, 20 de março de 2016

Eu não queria questionar esse teu jeito



Eu não queria questionar esse teu jeito
eu não queria me questionar.
Foi uma vida por assim viver:
Me esforçando sempre pra ser a melhor
Pra ser a melhor pra você.
Eu te dava tudo, você me cobrava
Se qualquer outra pessoa assim fizesse
Eu me doía, eu me importava:
Ninguém pode me tratar assim.
Mas você...
Você trazia o sustento
Você se dedicava aos nossos filhos
Você me dava um acalento
E ainda que por um só momento
eu me sentia amada.
E neste vago sentimento
Eu sustentava o meu orgulho,
O meu argumento de alegria
Pra eu dizer aos outros
Que toda a minha vida
Tinha sido preenchida
Pra eu dizer a mim mesma
E me provar todo os dias
Que eu não vivi uma fantasia.

Mas o tempo foi secando
O que antes transbordava
Todo aquele seu discurso
De amor pra eternidade
Foi ficando no passado
E quando eu fui me dar conta
A gente já nem conversava.
E aquela sensação de ser amada
Não preenchia mais a lacuna .
A ferida aberta agora sangrava.
...
E agora eu sei
A dor me fez chorar
Mas também me fez perceber
Que o que sofri por te deixar
Não se compara ao que você me fez sofrer.


Gabrielle Portella



O amor é um comércio
Uma propaganda na mídia
Uma cantiga de amigo
De um trovador exagerado.
O amor foi mesmo inventado.
Num poema, numa canção
E até mesmo no coração...
Quem inventou essa doença?
Que profeta dessa suja crença
Espalhou por todo canto
Que o amor é um encanto,
Um conto de fadas,
Chocolate, flores e poemas?
O mesmo discurso: se não houver não compensa.
Propriedade privada,
Mulher acatada,
Boa pra casar,
Aliança dourada,
O pai tem que conceder.

“se não for assim não é amor”
“o amor faz padecer”
“o amor traz dor”

Criamos tantas definições
De como devemos amar,
Quando na verdade o carinho
Não é dor nem penar.

Gabrielle Portella

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...