quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Desnorteio

Desnorteio-me mais dia-após-dia
Releio e rabisco velhas poesias.
Quando mesmo eu te disse adeus?
Não.  Não disse.
Te disse à deus,
O confessei nossas desilusões
Desse despedir-se eterno...
De um reencontro incoerente
Numa sala de um hospital
...
!

Aonde está o norte?
Estive lá há alguns dias.
Por sorte por bom motivo
De um sentido que cativo.
Embora não tenha sentido...

E o que tem sentido?

Minha mente suplica calma
Mas, ora-bolas, eu tenho Alma
E "quem tem alma não tem Calma"
Já escreveu Alberto
numa confissão de sentidos.

Reinvento-me desnorteada
Na volúpia desse estrago
Na volúpia desse enfado
Na volúpia desse afago...

São onze horas e dezessete
No relógio da minha vida
À meia-noite tudo passa.
Dezoito velas,  quem diria?
Espalhe-as pelo quarto
Não quero bolo
Não quero recado no inbox
Não quero falsidade.
Veja bem, a Minha idade
Trouxe-me gozo na dor
Aprendi a remendar as fases,
Passei-me de santa
Costurei uma manta
Pra proteger-me do amor.

Mas tudo isso sem rancor
Sem apontar o vilão
Poi se houver um
Beijo-lhe a boca e agradeço
Por minha vida estar exatamente assim:
Como está!

Sem lamento, por favor .
Escute Piaf comigo
Faça um café, faça amor
Faça o que quiser,
Faça o que der pra fazer.
E o que não der, deixe estar,
Deixe a vida cuidar
Que a vida há de melhorar!

Gabrielle Portella

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Latente

Estou delirando
mas estou consciente,
estou dispersa,estou ausente .

As datas memoráveis
sobrevoam o meu quarto
e se afastam lentamente.

Mas o último domingo
discretamente se  destaca
e entorpece a minha mente.

Velhas cartas e poesias
são apenas cartas e poesias
são apenas textos incoerentes.

A fragrância desse dia
tem o seu cheiro, sua boemia
no pulsar: felicidade latente .

...

Quem diria que sem pretensão
num só dia o meu coração
encontraria uma direção?!


Gabrielle Portella

sábado, 13 de dezembro de 2014

Navegante

O sol abaixou-se no horizonte
o dia findou-se incerto e duvidoso
a noite escurecia devastadora:
Mais um dia , mais uma hora,
mais alguns instantes ,
e o ciclo se reinicia.

A incerteza do que sou
me aguarda ao alvorecer
e me suspende o dia .
Guio-me pelos faróis da existência
à margem do mar da vida
na praia do Será-fim .

Sou navegante exploradora
desse imenso mar turbulento.
Vou sem pressa e sem anseio
hasteando as minhas velas
direcionada pelo vento.

Sem roteiro e sem mapas
ou planejados destinos,
dessa viagem apenas sei
que a minha única chegada
é também minha partida.

Hora navego, hora nado
gosto de sentir essas águas
dissolvendo o meu enfado,
as minhas concepções,
e tragando em suas ondas
minhas desilusões.
Não mais vivo, apenas navego:
Incerta, dissolvendo o meu ego
Assumindo que desconheço o mar
e já o amando, sem dizer amar.


Gabrielle Portella






quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Amanheço aos Dias Tortos

Amanheço aos dias tortos
solta, desconhecida.
Sinto o que passo,
se não sinto não sei
o que passou ou onde estou
se eu passei ou se ainda vou.
Ensurdeço a memória,
e sei que ao fim da história
não passo e nem vou
e desconheço onde estou.

Se eu soubesse o que sinto
sairia além das paredes
sobrevoaria as nuvens
seguiria aos sonhos
aos sonhos tão reais.
Mas se anoiteço fugaz
sonho e já não lembro
Se passou ou se sonhei
e acordo e nada sei.

Gabrielle Portella


sábado, 20 de setembro de 2014

Uma Palavra Cativa o Corpo

Uma palavra cativa o corpo
Sedento e faminto
A contorcer-se na penumbra de um quarto
Numa noite fria.

O corpo, insaciado e descontente ,
Desfalece em vida
A pulsar ardente
de sangue se inebria .

Os sonhos filtrados voam
E se aconchegam ao corpo nu
refletido nas lágrimas silenciosas e dispersas.

Acende-se então numa ideia fugitiva
Da sinapse : a lanterna
A luz fechada e exclusiva .

Os meridianos no corpo
Pintam constelações
E brilham, e ofuscam
A acalmar as emoções .

A noite dorme no corpo
Que amanhece completo
Em alvoroço na alvorada
A sentir estes versos discretos.

Gabrielle Portella

sábado, 30 de agosto de 2014

Aprendendo a Voar

Sob a luz duma tarde clara
cai no solo uma borboleta rara
aprendendo a voar.

Lagarta metamórfica
de asas azuis celeste
voa pelos ares
entre os céus e mares,
e se camufla, e se integra.

Entre a fenda de um precipício inexistente
e de um precipício da suma importância
ela sobrevoa contente
sua jornada
seu desfile celeste
seu derramar de gozo
nos olhares ao leste .

Reflete em suas curtas asas
a luz clara da lua,
a  beleza da noite,
das estrelas nuas.

Reflete do dia o calor
no solo, na terra,
o desabrochar de uma flor
e em suas pétalas abertas:
o pouso ousado de amor.

Do néctar : seu perfume
Seu voo dançante ,
suas lagartas.

Voa experiente ao vento
Aprende enfim a voar ...
E cai,  noturna ,
no cume do dia.
Como o cair das pétalas
das flores vazias ,

Gabrielle Lamarque


quinta-feira, 1 de maio de 2014

J'ouvre les Fenêtres

Je marche sur la rue noir.
je regarde tout dans la matrice,
je regarde le monde dans le ciel noir
et ses murs faits de nuages gris .

Je ne le croyez pas.
Et je peux pas croire
Que mon univers dans ce toit,
c'est seulement ce que je vois,
c'est seulment seul... c'est sans toi.

Je comprends alors mes sentiments,
J'arrives au dernier etage du bâtiment
Je monte vite l'escalier,
j'ouvre les fenêtres. 
Et enfim je peux aimer.

Gabrielle Portella

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Quatorze

Foram nas quatro estações promessas
para quatro primaveras, prometida.
Em um bocejo no meu quarto
o devaneio e o desacato,
e logo encontro-me perdida.
Perdi os anos e as histórias
para três outonos esquecidos.
Arrasto-me pela memória
vejo dezessete anjos caídos
em uma prece matinal
a rogar o amor vencido.
Me perco outra vez
a procurá-lo por aqui,
a procurá-lo dentro em mim.

Espelho a minha alma numa canção 
mas não mais me encontro ali 
os quatorze passaram no refrão,
eu mudei, eu decidi .
Sou a borra do seu café amargo,
sou a fumaça do seu único cigarro,
dos seus tragos eu sou tua tosse,
sou tua branda ameaça de cirrose .
Não que eu tenha feito-lhe mal,
mas passei em meio ao vendaval,
e passei, e passei... Passei.
Hoje seja eu tua prosa,
aos dezoito seja eu tua rosa,
e aos vinte e oito seja eu vossa.

Gabrielle Lamarque

domingo, 30 de março de 2014

Apenas uma nota

Não é poesia, não é poema,
nem tão pouco uma prosa...
É apenas uma nota.

Uma nota !
Sem intenção ou critérios a serem seguidos
sem regras
sem gramática
sem bucolismo
sem musicalidade
sem amor ou  ódio
sem todo ou qualquer sentimentalismo ...

Uma nota!
sem custo
sem troco
sem juros
sem imposto
sem lucro...
sem lucro .

Uma nota
sem anedota
sem conto
sem história.

Apenas
uma
nota.

Gabrielle Portella

domingo, 2 de março de 2014

Interno

Quando você foi embora
 fez-se noite em meu viver.
Forte sou, mas nesta hora
Choro a desfalecer,

Minha casa não é minha
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Falo e canto o meu penar.
Toco a voz nas estradas
Já não posso parar
Meu caminho é de pedra
Como posso eu sonhar?

Sonho meu jogado à brisa
Vento sopra a terminar
Minha ilusão comprida
meu vago peito a pulsar.

Hospital Mandaqui, 23-06-2013
Autor: desconhecido.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Convicção e Verdade

Não pronuncie teu verbo torto,
não o envie a este povo morto.
Tua convicção é somente vontade,
É autoafirmação, não verdade.
Verdade já não há em nenhum canto:
não há mais sábios, há somente santos.
E a ironia de outrora se tornou verdade,
as coisas mais divertidas do instinto
hoje é perigo, é julgado, é maldade.

Gabrielle Portella

Contentes Frustrações

Q UERO CAMINHAR EM MEIO  À MULTIDÃO DIZENDO O QUANTO SOU FELIZ NO AMOR QUE TENHO SOFRENDO E MESMO EM VÃO SABENDO QUE NÃO ME QUER A BORRECEND...