segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Adaga de saudade

Perfura-me sem medo com esta adaga
quem ou o quê dizia ser o amor
arde no peito como já não sei se respiro
sou toda rasgo de vida em dor.

E, agora, se arrancar-me do peito a adaga
certamente morrerei com o olhar ao nada
a dor é, ainda que insatisfatória, a vida
sem a dor não sinto nada, sou nada, com nada.

E ainda há de se prolongar por anos
o descontentamento das lembranças
daquilo que um dia chamei de vida,
da dor que um dia trouxe esperança.

Mas nada mais é ... nada mais!
Sou apenas uma foto de recordação
um grito de quem sabe que é efêmero
quem tem uma adaga que perfura o coração.

Incapaz da correr ou andar ao alvo
fico na penumbra de um verso,
num recordar de uma palavra,
no masoquismo do saudosismo.

Gabrielle Castaglieri

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