Antes fosse o capeta o meu problema.
Era ali só o começo das minhas desventuras.
Depois, eu me lembro daquele pronto socorro
Uma maca dura, faixas nos pés e nas mãos
que me prendiam brutalmente.
O descontrole mental e consequentemente corporal,
Uma comida intragável,
Um moço descontrolado gritando ao meu lado...
Mas passou.
Outra vez fui internada.
Dessa vez num hospital, onde eu voltaria mais tarde.
Eu me lembro da rádio tocando música pop,
Eu me lembro do café nem-sempre-amargo servido puro aos pacientes nas tardezinhas,
Eu me lembro dos remédios controlados,
Mas me lembro também que sai rápido da internação.
Voltei àquele hospital, como já dito, e:
Foi horrível.
Eu me lembro de passar noites inteiras amarrada à cama
Me contorcendo pra desamarrar nó a nó.
Eu me lembro de quando me anunciaram que meu avô havia falecido,
Eu fiquei triste, mas não chorei (não na hora).
Eu me lembro de quando me disseram que o carro do pai do meu então namorado havia quebrado e eles demorariam pra voltar
Eu surtei um pouco mais.
Das coisas que eu me lembro da minha vida
Percebo que de tantas desventuras que passei ou passo
Nem de João nem de José pertencem.
Digo, eu sofri sim quando João foi embora me deixando
ou quando perdi José
Mas a minha vida é complexa demais pra atrelar somente àmores a minha dor.
Me lembro, por fim, que se sofro hoje é porque
Inúmeras vezes no passado eu sofri também
E hoje a minha sina é desligar a cadeia de coisas que se formou
Vez por vez, uma por uma
Pra voltar, enfim, a minha paz.
- GSP
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