quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ser que sou

Sou o que não se pode saber.
Assim: não saber ser.
Se sou não sei.
Se sei não sou.
E também não anseio saber.
Meu desejo é ser
E meu ser é desejo.

Sou uma taça de vinho
a deixar marca na mesa.
Sou de uma janta romântica
o licor, a sobremesa.
Sou de suas incógnitas
a única certeza.
Sou por hora serva,
por hora burguesa.

Só sei que não pertenço a ninguém.
Sou somente minha mansão.
Abandonada? Nem um pouco.
Por vezes um ou outro louco
Aluga-me à alto preço
de carinho, e sei que mereço.

Nada contém-me.
Mas contenho em mim tudo.
Não caminho em poucos passos
pois são grandes os meus traços
e meu traçar pelo mundo.

Nada detém-me.
E não detenho em mim tudo.
Meus desconfortos, sensações
e tantas outras impressões
sou de falar até aos surdos.

Em cada jornada, a boemia
e as minhas cenas e as poesias.
Um cigarro, um bar na cidade
por vezes esqueço-me da minha idade.

Sou o poder de fazer
quereres conhecer
o meu gosto acre,
o meu gosto doce.
Sou sensações
minhas e alheias.
Breves emoções,
no ressaltar das veias.

Soa o meu ser
ao suor que te corre ao corpo.
Soa o meu prazer
À dependência ao vento (ao sopro).

Raquel Rodrigues

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