terça-feira, 31 de julho de 2012

Imberbe

Olha-me secreto, disfarça-me os teus gestos...
Mas ainda tenho pra mim um momento calado
duma tarde infinda que sorria amarelada.

Tenho em mim o zelo de compaixão.
Pois sei, o que ficou escrito é bucólico,
é poesia inspirada, é bela canção...
Mas entenda que foge de mim a certeza
e naquele último olhar, naquele calar
havia uma antiga rosa a se desabrochar.
Fora um lindo botão.
E nele eu guardara todo meu amor!
Não sei o que a vida quer para nós,
não sei para onde vou!
Mas hoje eu sei para onde quero ir.
Sou injusta com ambos.
Comigo também.

Imberbe, o teu colo tem-me feito sofrer.
O teu choro e o teu olhar de rancor
faz-me gemer... traz-me dor!
Falar isso à ti? Jamais.
Entenderás mal. Bem sei!
Tenho à ti belo zelo.
És gracioso em teu amor...
Mas como explicar que à ti não o tenho?
E agora afastam-se os olhares próximos,
e, por gosto meu, detenho-me a um olhar distante.


Agora, nesta noite fria e morta
tu negas quaisquer palavras da poesia.
Negas as minhas. Somente as minhas.
E viras o teu rosto à penumbra dos versos,
pões o teu penhor nas fendas das alamedas.
O que queres que eu te faça ?
Já não sei que ação minha calará a mim!
Não sei como posso fazer-te velar-me.
Calo-me então e sou indireta aqui...
neste instante poético,
onde tento matar-me em ti!

Será que é demais preocupação?
Se finges-te de morto e pintas minha face com culpa.

Imberbe,
O tempo passará para você também.
E tenho fé de que quando os pelos lhe pintarem a face
tu verás e entenderás por parte isto que faço (e o que fiz).
Não descumpro o que digo!
Estou também só, a sonhar deveras nas noites!
A esconder, discreta, o tempo que me mata.
A esperar somente à quem amo,
não lho escondo!

Guardas para ti somente este vasto amor que tens.
Dê-te a dádiva do amor próprio,
e não deixes que te enganem.
Estou a vibrar para vê-lo homem forte,
e poder sorrir e dizer:
-- Ele presenteou-se  com o pólem dos poetas!
Encontres também alguém para que lhe ame,
e sei que ainda hávera muito do amor em ti para dar a esta!
Então, caro amigo, me tenhas por longe nos sentidos,
e graceje à ti somente a caridade e o amor!

Gabrielle Castaglieri

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