Secou-se o meu jardim
as palavras me fogem !
Não. Nem chocolate com licor
nada faz-me ter com o amor.
Nem a alvorada gélida,
nem o crepúsculo rubro.
Ai que certão!
Poetisa sem palavras...
Sofreguidão!
Vou ter-me com qualquer idoso na rua
que conte-me algo a valer
mais que uma dose de vinho!
Porque hoje estou calada.
Calei-me não sei como!
Nem venha-me cobrar,
leia-me sem gosto.
Porque hoje estou amarga!
Hoje olho-me e não vejo-me.
Deve ser os tais dias de mulher...
Afaste-se se tens amor a tua vida!
Esconda os risos amarelos,
pegue uma armadura,
e fuja, meu amor, fuja!!
Fuja para um monte bem alto,
porque hoje minha impaciência
salta tresloucada pelas ruas tranquilas.
Hoje estou quieta...
aparentemente calma.
Quem olha-me se encanta com meu humor.
Hoje pareço mança,
mas dentro em mim há desvairação e terror.
Hoje embriaguei-me com nada!
Estou louca, desvairada..
Não sei como!
Aliás, hoje de nada sei.
Poderia galopar nua...
Sim! Assim sim faria poesia!
Mas hoje não estou amorosa.
Hoje tudo é bizarro, cômico.
Tout une piège!
Ai. Fuja, meu grande amor...
Porque hoje nem sei eu como sou!
Gabrielle Castaglieri
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