segunda-feira, 23 de julho de 2012

Uma dança triste

Minha memória já esqueceu-se de mim.
Tenho em breves instantes um rodopio de uma dança antiga:
nas pontas dos pés,...
Um riso,...
Cabelos esvoaçantes (!) .

Agora vem algo incerto bater-me as ruínas.
Vem trincar em mim num grito de dor.
E deixa a hora, que já não me faz querer, nem o tempo.

Sou feita em pó nos campos de flor.
Vestida em trapos de um vestido que fora de se alegrar,
dançando aos convidados na sala de estar...
Mas o lindo vestido hoje é retrato de horror,
lembraças de um dia sem cor.
Dia este que tiraram-me a poesia,
minhas palavras,
minha melodia.

Deitaram-me ao chão.
Lembro-me:
uma lágrima fasteira na face de alguém,
rostos fracassados e sem expressão...
eu caída ao chão!
Um momento.
Um calar.

Mas hoje vem o incerto acalento,
deixando-me sonhadora,
sendo levada ao vento...
para um lugar não sei onde.

Ah... Sinto fugaz as coisas que outrora duravam com terror.
Sinto contentação e descontentação.
A contentação é por ser amada.
A descontentação é por amar.

Amar...
A loucura que quero.
Nos dias onde rasgo-me aos compassos do relógio
tensiono-me às palavras poucas num papel antigo..
E nada mais quero senão um choro efêmero
para regar o meu canto que virá ao entardecer discreto.
Tudo planto, então, num poema secreto.
Corrompo o segredo e o entrego ao senhor que me deleito.
E assim beijo o meu leito.
E vivo, por fim.

Gabrielle Castaglieri



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