Hoje vejo essa rua diferente.
O céu que a cobria
com algumas nuvens,
agora, mesmo no inverno,
está ensolarado, sem nuvem alguma.
Aquecido está o asfalto
onde tocam os meus pés,
passo a passo.
E a correria, agitação
são folhas secas jogadas
que, por decorrência,
ficaram após o outono.
E o silêncio predomina
barrado apenas pelo vento.
As pessoas vêm e vão
olhando ao relógio,
como quem pensa:
-- Não quero me atrasar.
Mas o tempo jaz passado,
teve morte súbita o relógio.
Porque ninguém para nessa rua.
E com o tempo tudo passa...
até o tempo passa.
Se o cansaço chega
o tempo te leva,
e quando recuperada as forças
está no fim da rua.
Por isso não se canse,
para que o tempo não te leve.
Leve o tempo contigo,
faça dele teu amigo.
Mas nunca encare-o,
nunca peça briga.
Nessa rua há buracos
que dificultam a caminhada,
por isso não corra,
ande no seu ritmo,
como uma linda dança
dentro do compasso.
Mas, acima de tudo,
observe os conselhos
com toda a atenção.
Uns assim dizem:
-- Não corra, não pule,
não ande, não caia no buraco.
Há vezes que nem tem buraco,
Não deixe ninguém fazer
escolhas por você.
Se achar que deves, até mesmo,
ignore esta poesia.
Faça ter valor
o que queres que tenha!
Gabrielle Portella
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
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