quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A pomba, o vento, a pena.


Está a passar pela rua
uma menina atordoada.
Anda dois ou três passos...
para. Espera. Olha para o céu;
procura algo. Chora.
Anda um, talvez dois passos...
olha para o céu outra vez
dessa vez passa uma pomba
que deixa cair uma pena.
Essa pena é levada pelo vento
os olhos da menina são levados pela pena
até que a pena cai em suas mãos.
Ao pegar a pena a menina olha pra frente
enxuga os olhos e caminha adiante.
Anda dez, talvez vinte passos
até desaparecer no horizonte.

O vento bate no meu rosto,
balança os meus cabelos,
entra em mim pelo respirar,
e invade os meus pensamentos.
Quando ele chega lá dentro
sussurra pra mim em doces palavras:
-- A pomba passou por você outra vez
( você sabe qual foi a vez),
a pena caiu, eu a levei em suas mãos.
Você a olhou, a guardou, mas não prosseguiu.

Eu tento encarar o vento
e fixo meu olhar no céu cinzento.
Passo frio neste relento tentando o encarar.
Quando paro pra pensar lembro-me
que ele adentrou em mim pelo respirar.

Há várias pombas no mundo,
que sempre deixam penas caírem
(pois é uma ordem natural)
Mas quantas dessas penas voam com o vento
e chegam precisamente na mão de alguém?

Há certas coisas na vida que sentimos saudades
mas não nos lembramos do quê.
Talvez aquela inocência de nossa infância;
talvez o amor, talvez a esperança;
talvez o vento, talvez a pomba.
Mas só nos lembramos dessas coisas
quando paramos para olhar dentro de nós;
quando não vamos ao espelho,
quando não nos envergonhamos do pranto.

Você que espera uma pomba,
e da pomba espera uma pena,
e da pena espera o vento,
não pare de caminhar...
mesmo que em curtos passos...
não pare de caminhar!

A esperança é a pomba.
Pois só com esperança ela chegará.
O amor é o vento.
Pois só com vento você irá respirar.

Gabrielle Lamarque 

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